terça-feira, 1 de dezembro de 2009

voa voa

Já deu.
Hoje tive a certeza que vivi o suficiente em Tilito lindo.
Estou de rec de duas matérias (e uma por uma questao ridícula e anti ecológica), cansada de rir de coisas que nao compreendo muito bem (o humor chileno é diferente) e com saudade de rir acompanhada (os brasucas daqui vao embora esta semana e eu já me sinto sem eles).
Cansei da equidade e da ordem. Da bebida sem medidas e do fumo a toda hora (mal hábito que tem por aqui). De ser sempre, eu mesma, meu pior humor e meu porto seguro (ok, essa parte é assim mesmo em qualquer pessoa do mundo mas o que faz a diferença é poder contar com a companhia de quem lhe faz bem... para sair um pouco dessa cobrança...).
Mas o que me molesta é a falta de paz no coraçao. Isso acaba com qualquer energia. Preciso renovar minha vibe. Agora moro de frente para o mar e nele busco a renovaçao. Que parece nao vir. Quero abraço. De braços que em verdade me conheçam. Nao busco mais o novo. Já o encontrei. E por isso creio que voltarei diferente. Mais certa do que nao quero e com ainda mais desejos sobre o que querer. Escolher. Fiz várias escolhas erradas por aqui. Nao me arrependo, mas faria diferente. Por que tenho que ter tanto medo? Por que escolho tanto? Por que penso tanto? Esse pensar que às vezes imobiliza, que me faz perder pessoas... pessoa... vejo aqui que cometo os mesmos erros; pior! eu vejo!!!! entendem?
o que me faz ser tao menina? o que me faz mulher?
Estou sozinha na sala de meu apto, pós uma festa de aniversario de uma compañera mexicana. Garrafas, copos, pratos, chapeuzinhos, mais garrafas... o Ritche até veio conversar comigo... sobre abdominais mas ao menos tentou me fazer sentir útil, sentir-me parte de.

Amanha vou atrás do que me falta... de um abraço.

Um comentário:

sabrina. disse...

Bá, temos a típica mania de ao nos depararmos com a iminência do fim, fazer uma retrospectiva de tudo o que poderia ser feito e que não foi. O quanto poderíamos ter aproveitado mais, vivido mais, feito as escolhas certas. Acho que é por isso que ao me deparar com o retorno, meu desejo incial era o de permanecer mais tempo. Fazer o que não pude. Aproveitar o que não pude. Valorizar o que não pude. Mas aí, me dei conta que somos seres humanos situados e datados. Ocupamos um local e um espaço definido. E o que iria adiantar eu pensar em tudo aquilo que eu NÃO tinha feito? Aí mudei o ângulo de visão. Olhei tudo o que eu tinha percorrido pra chegar até ali. Tudo, desde a correria atrás de papéis e papéis, o momento da ida, as pessoas que me acolheram, o encantamento com o novo, a adaptação não mais tão encantada assim, a análise de cultura, crenças e valores de lá e daqui, e a saudade e saudade de tudo o que deixou de fazer parte do seu mundo, mas que ainda carregamos dentro da gente.
E aí vi que, em erros e acertos, o que mais me valeu foi o conhecimento, a descoberta, o aprendizado. Você se dá conta que a vida é muito maior e muito mais ampla do que achávamos que era. E não é pela sua vivência no exterior, mas por ver que em um simples almoço de família, o quanto aquilo tem um significado que só nos damos conta depois.
Bá, está chegando o fim, e tenho certeza que você pode se sentir com a missão cumprida. Pela coragem, pela iniciativa, por tudo o que você percorreu aí. Aproveite os últimos dias, não pensando em voltar, mas pensando no que você vai trazer pra cá. Esse pôr de sol de frente da sua casa, esse abraço, essa saudade apertada. Viva cada dia aí. Como diria em castelhano, disfrute!
E estamos de esperando de braços abertos!
E como diria nosso adorado Pessoa:
"Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena".
Aquele abraço!